Como o meio digital polui o meio ambiente

Ao pensar em poluição, normalmente nos vêm à cabeça mercados que utilizam do meio ambiente para desenvolver seus produtos, como indústrias de celulose e de carne. No entanto, não são só elas que colaboram para a proliferação de poluentes na atmosfera. Ao contrário do que a maioria imagina, o uso do mundo digital também contribui para a má qualidade do ar.

Isso porque o uso da internet necessita de aparelhos potentes para funcionar. Assim, ela exige servidores e datacenters para armazenar todos os dados compartilhados na web, consumindo um alto índice de energia. Dessa forma, a cada mensagem enviada, site criado e música escutada, estamos poluindo cada vez mais.

Efeito manada

Se for analisado a poluição gerada por apenas uma pessoa, ela é de fato minúscula. Porém, o uso em massa do online é responsável pela degradação atmosférica. A cada atividade exercida online, algumas gramas de dióxido de carbono são liberadas para fazer as redes sem fio funcionarem.

Nessa perspectiva, 53,6% da população mundial está conectada, o equivalente a 4,1 bilhão de pessoas. Devido a esse enorme número de usuários, o carbono vindo do uso da internet e dos suportes de rede corresponde a 3,7% dos lançamentos de gases formadores do aquecimento global. Os países mais poluidores são China, Índia e Estados Unidos.

Esse impacto é igual ao produzido pela indústria aérea, e vai piorar. A estimativa é de que a poluição pelo mundo digital dobre até 2025. Só para ter uma ideia, uma hora de transmissão na Netflix por semana requer mais energia anual do que a produção de dois refrigeradores novos no mesmo tempo.

O que fazer?

As soluções para essa situação estão ligadas a políticas governamentais e desenvolvimento de novas tecnologias. No âmbito do governo, cabe uma maior regulamentação da internet e a criação de redes públicas, evitando assim o domínio por completo das empresas privadas de telecomunicações.

Nessa ideia, a multiplicação de internets locais permite a descentralização do acesso à web. Esse é o caso que já vem ocorrendo na China rural, país em que o ambiente digital é controlado autoritariamente pelo governo.

 Quanto à criação de novas tecnologias, está a conexão distribuída por satélite. Iniciativa essa que Jeff Bezos, CEO da Amazon, e Elon Musk, CEO da SpaceX e Tesla, já vêm trabalhando. Outro projeto é a utilização de DNA como sistema de armazenamento pela Microsoft. O uso da molécula permitirá guardar até 700 terabytes em apenas uma grama do composto, além de durarem entre cem e mil vezes mais do que um dispositivo de silício.

 Enquanto as mudanças não acontecem, nos resta concluir que o prática atual da internet é insustentável. Dessa forma, há apenas dois caminhos para reverter essa situação: o uso consciente dos recursos digitais ou o desenvolvimento de novas formas de acesso às redes.

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